Quem executa é carrasco
Que mata dentro da lei
Que põe a mão na massa
Faz o que manda seu rei
Mas por que usa um capuz?
No fim tá a resposta que dei.
Carrasco é aquele que faz
O que ninguém quer fazer
Sujar as mãos de sangue
Sem a consciência doer
E depois de muitas mortes
Achar graça e ter prazer.
Só calaram a Sócrates
Usando da força bruta
Disse o verdugo: se cale!
Engula logo a cicuta
Agora nós vamos ver
Se alguém ainda o escuta.
Carrasco teve a Igreja
Ao tempo da Inquisição
Que mandava pra fogueira
Quem lhe fazia oposição
E abençoava o carrasco
Após cada execução.
Na Revolução Francesa
A História nos ensina
Que o carrasco afiava
O gume da lâmina fina
Em cada novo pescoço
Que ia pra guilhotina.
Recentemente Saddam
Foi enforcado na praça
O carrasco tava doido
Pra acabar com sua raça
Disse: o Iraque hoje fica
Livre dessa desgraça.
Com Bin Laden foi assim:
Obama mandou matá-lo.
E ordenou aos algozes
Só voltem depois de pegá-lo
Tragam-no morto ou sem vida
Não aguento mais esse calo.
E todos esses carrascos
O que em comum hão de ter?
É que agiram dentro da lei
E a lei lhes deu tal poder
Se são heróis num momento
Num outro podem não ser.
O tempo faz a História
E a História conta o passado
Quem fez terá sua culpa
Quem mandou também é culpado
Pois se o carrasco errou
O erro já tá no Mandado.
Então não só o carrasco
Mas também o seu mandante
Rei, juiz, imperador
E o mais alto comandante
Da Igreja ou do Palácio
Do maior governante.
Todos são responsáveis
E mais quem tem maior poder
Mas é o papel do mandante
Tramar a luta e se esconder
Que tem outro pra travá-la
Ser carrasco e o risco correr.
Por isso todos aplaudem
A figura do carrasco
Que é a mão da autoridade
Que não faz porque tem asco
Mas quer lavar suas mãos
Se acaso for um fiasco.
Agora a pergunta, doutor:
Se é importante e honrosa
A função de um carrasco;
Se é digna e corajosa,
Quem lhe daria a mão
De sua filhinha formosa?
E por que dá-la ao mandante
Mas não ao que se sujeita
A fazer o serviço sujo
Que quem mandou o rejeita?
É que o fraco tem a força
E o forte tem a caneta.
Para responder, enfim
À pergunta feita atrás
O carrasco usa um capuz
Porque é vergonha demais
O cabra ser secretário
Do diabo que nada faz.
Consta no espetacular livro POETAS ENCANTADORES do poeta e repentista Zé de Cazuza, que é do cantador repentista Manoel Xudu, poeta nascido em São José de Pilar - PB, em 1932, e falecido em 1985, este pensamento filosófico em sextilha:
Judas pegou uma corda,
Morreu com ela enforcado,
Não estava arrependido,
Estava desesperado,
E o desespero da culpa
Nunca redime o pecado.
E por que dá-la ao mandante
Mas não ao que se sujeita
A fazer o serviço sujo
Que quem mandou o rejeita?
É que o fraco tem a força
E o forte tem a caneta.
Para responder, enfim
À pergunta feita atrás
O carrasco usa um capuz
Porque é vergonha demais
O cabra ser secretário
Do diabo que nada faz.
Consta no espetacular livro POETAS ENCANTADORES do poeta e repentista Zé de Cazuza, que é do cantador repentista Manoel Xudu, poeta nascido em São José de Pilar - PB, em 1932, e falecido em 1985, este pensamento filosófico em sextilha:
Judas pegou uma corda,
Morreu com ela enforcado,
Não estava arrependido,
Estava desesperado,
E o desespero da culpa
Nunca redime o pecado.
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