Décima baseada em parte de um poema de Fernando Pessoa, pelo seu heterônimo Alberto Caeiro
ver original abaixo
Décima baseada num texto do livro de Bertrand Russell assim intitulado: A Conquista da Felicidade
Um homem pode sentir-se
Tão frustrado, que não mais
Busca o que o satisfaz,
Para apenas distrair-se,
Esquecer e consumir-se,
Devotando-se ao prazer.
Para suportar viver
Num mundo, que é de penar,
Quer tornar-se, em só gozar,
Menos vivo, a entorpecer.
ver original abaixo
Décima baseada no pensamento do gramático Francisco Platão Savioli
ver original abaixo
Você se envenena de preconceito,
Discrimina o Nordeste, sem razão.
Não vê que o ódio afeta o coração
E forja o caráter com esse defeito?
Ignorante, não tolera um sujeito
De outra cultura ou de outro lugar.
Sendo eu nordestino, vem me insultar
Sem saber que não pode me ofender.
Sinto muito desapontar você,
Mas do seu veneno não vou tomar.
Adaptação em martelo agalopado. Do romance Senhora, de Machado de Assis
ver original abaixo
Do conto 'A ideia do Ezequiel Maia', de Machado de Assis
ver original abaixo
Martelo agalopado sobre o período composto: "A palavra foi dada ao homem para esconder seu pensamento"
Já é passado o tempo dos comícios,
Dos discursos de pompa oficiais,
Do logro das ideologias centrais
Em retóricas de tantos malefícios;
Das palavras que pediam sacrifícios
A um povo encantado pelo saber
De um burguês iludindo com o poder
Da beleza de uma frase aplaudida.
Que a palavra ao homem foi concedida,
A fim de seu pensamento esconder.
Segundo Ariano Suassuna, Stendhal o atribui ao padre Gabriel Malagrida
Do personagem Sherlock Holmes, da obra de Sir Conan Doyle
Do original traduzido: "A tentação de formar teorias prematuras sobre dados insuficientes é o veneno de nossa profissão."
Frederico da Prússia, em Carta a Voltaire
Do original traduzido: "As palavras podem ferir mais que punhais; e o tom, mais que as palavras."
Príncipe de Ligne, em Inocência, de Visconde de Taunay
Do original: "Muitas vezes somos iludidos pela confiança; mas a desconfiança faz que sejamos por nós mesmos enganados."
Do conto Miss Dollar, de Machado de Assis
ver original abaixo
Décima baseada em pensamento do jurista Nélson Hungria
Um pensamento indignado de Rui Barbosa
ver original abaixo
ver original abaixo
Décima baseada em pensamento de Nietzsche
ver original abaixo
Pensamento do educador Paulo Freire
Seria muita ingenuidade
Esperar, bem mais que antes,
Que as tais classes dominantes,
Transformassem a realidade,
Ao implantar, de verdade,
U'a forma de educação
Que permitisse ao povão
Perceber, de forma crítica,
As injustiças política
E social, como opressão.
ver original abaixo
Décima baseada num pensamento de George Orwell
Ideologia é o que anima
Os homens padronizados.
Em filas andam formados,
E juntos partem pra cima,
Da violência no clima
Dos agressores da escola.
Pensam em slogans, e rola
Sacar palavras de ordem.
Ignorantes, que só podem
Falar em balas de pistola.
Adaptação de um pensamento de Chico Xavier
Do original: "Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor. Magoar alguém é terrível!"
Fico triste quando alguém
Injustamente me ofende.
Pr'eu não ofender não depende
Que não me ofendam também.
E bem mais triste, porém,
Eu ficaria pela dor
Infligida a um pecador,
Mesmo em justa reação
Dentro da lei, da razão,
Caso eu fosse o ofensor.
Adaptação de um pensamento de Nietzsche
Do original: "A minha solidão não depende da presença ou da ausência de pessoas; ao contrário, odeio quem me rouba a solidão sem me oferecer em troca uma verdadeira companhia."
A minha cara solidão
Não depende da presença
Ou da duradoura ausência
De quem vinha ao meu rincão,
Ou só me apertava a mão.
Ao contrário, eu odiaria
Quem me roubasse a alegria
De estar só, na minha toca,
Sem me oferecer em troca
Verdadeira companhia.
*
Quem é filho de mendigo
Nasce com cara de fome.
Inda não tem nem um nome,
Mas, já sarado o umbigo,
Se torna o novo inimigo
Da elite que não labuta,
Mas usa da força bruta
Pra explorá-lo sem dó,
Sugar-lhe o sangue e o suor
E abatê-lo sem luta.
*
Um poeta dos terrores humanos,
Arqueólogo das tumbas do inconsciente,
Que prefere às ilusões do homem crente
A realidade torpe dos insanos.
Passa a sucessão tediosa dos anos
Antevendo o riso triunfal dos vermes.
E, ante a vitória certa dos germes,
Não luta ou tenta com um deus uns arranjos.
Embora se chame Augusto dos Anjos,
Seus versos foram impotentes, inermes.
*
Por que o massacre do carandiru?
Por que a chacina do jacarezinho?
Sempre a polícia passando a caminho:
-- Mãos na cabeça, depois fique nu!
De cara pro chão, não dê o bizu;
Não coma a corda do policial.
Suporte injúrias racistas e pau,
Sem fazer drama nem reza nem súplica.
Morra com dignidade na via pública,
Dando o dedo ao controle social.
*
Adaptação da quadra de autoria de Ermínio Barreto Coutinho da Silveira