domingo, 6 de março de 2011

Um Sonho em Soneto

Como eu queria voltar a ser criança!
E ter, como água a escorrer entre os dedos,
Um'alma livre e liberta dos medos
Que ousa, erra, inventa e faz a mudança...

Ainda sonho e alimento a esperança
De ser como um Picasso ou uma Tarsila
Fazer da minha vida uma argila
Pra dar forma aos ideais da infância.

Queria fazer d'uma arma uma flor
Livrar fauna e flora da destruição
Dar saúde às crianças e educação

Em seus corações unir fé e bondade
Em suas ações justiça e verdade
Pra viverem no bem com paz e amor.

Existe um ser que é fiel?

Como o filósofo fez,
Saia à rua com uma lanterna,
Passe na Idade Moderna,
Volte à Antiga outra vez.
Tente achar ao menos três
Homens fiéis de verdade,
Desde a mais tenra idade,
Que vai gastar toda a luz,
Pois vai achar só Jesus,
E acima da humanidade.

Se ainda queres saber
Se existe fidelidade,
Desde que haja liberdade
Na realidade do ser,
Vale mais se convencer
De um pensamento antigo
Que diz que corre perigo
Quem põe o homem no céu.
O cachorro é que é fiel,
Nunca abandona um amigo.

terça-feira, 1 de março de 2011

Soneto da Felicidade

Onde está a felicidade?
Para alcançá-la -- que se faz?
Que caminho, que verdade
Nos enche de amor e paz?

A pessoa que é feliz
AliMentA a paz na Terra
Seu amor à vida é que diz:
Não à fome e à guerra!

Onde a felicidade, então?
No poder? Riqueza? Fama?
Na alegre paixão de quem ama?

Na ciência? Na fé, porém?
Não! Está em fazer o bem
Sem idéia de retribuição.

O Preguiçoso

(dance)O que ora sinto faz lembrar
D'um sermão dito na missa:
-- Atire a primeira pedra
Quem, incansável na liça,
Nunca parou pra dizer:
'Ai, Jesus, ai que preguiça!'.

Mas não é da preguicinha
Do cansaço da labuta
Da fadiga do espinhaço
Querendo u'a cama de juta
Ou depois de empanzinar
Comendo um balaio de fruta.

Não! Essa todo o mundo tem
É fisiológica, normal
O pecado é o da preguiça
Que o cabra morre no pau
Mas não move um dedo só
Nem pra ir pro hospital.

É um macunaíma da vida
Não sabe o valor do que come
Pois quando ouve: 'ao trabalho!'
É o primeiro que some
E se o chamam pra mesa
Da cama diz: 'perdi a fome'.

Se o preguiçoso está
Sentindo frio ou calor
Não vai pegar um agasalho
Nem liga o ventilador
E se o mandam ir à farmácia
Logo diz: 'passou a dor'.

Eita cabra preguiçoso
Esse geme de preguiça
Pra se levantar da rede
Nem um par de seios o atiça
E pode ir ver se o danado
Não cheira igual a carniça...!

Brincadeiras à parte
Não concebo um tal sujeito
Sem vitaminas, proteínas
Um macunaíma perfeito
Mas se existir, o mal está
Num DNA com defeito.

Será Preguiça...!?

Tentaram os portugueses
Nosso indígena escravizar
Pois vivendo como animal
Como animal o queriam tratar
Mas como animal pensante
Nunca deixou-se domar.

E dizem que nosso indígena
Só quer uma vida de gozo
Mas quem nasceu pra ser livre
Sujeita-se ao peso do gonzo?
Daí o preconceito
De que índio é preguiçoso.

Mas entre ser um escravo
Ou sofrer exploração
É melhor a marca a ferro
Do preconceito malsão
Antes beber a cicuta
E não perder a razão.

Mas falo do índio selvagem
Que não se sujeita ao grilhão
Que sempre viveu em sua terra
E dela é que tira o pão
Que não se perdeu ao contato
Com a nossa "civilização".


"A Terra oferece o suficiente para satisfazer
todas as necessidades do homem,
mas não todas as ganâncias do homem"
(Mahatma Gandhi)